segunda-feira, 8 de junho de 2009


Florbela Espanca (Vila Viçosa, 8 de Dezembro de 1894Matosinhos, 8 de Dezembro de 1930), batizada com o nome Flor Bela de Alma da Conceição Espanca, foi uma poetisa portuguesa.


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Vida
Filha de Antónia da Conceição Lobo, empregada de João Maria Espanca, que não a reconheceu como filha. Porém com a morte de Antónia em 1908, João e sua mulher Maria Espanca criaram a menina. O pai só reconheceria a paternidade muitos anos após a morte de Florbela.
Em 1903 Florbela Espanca escreveu o primeiro poema de que temos conhecimento, A Vida e a Morte. Casou-se no dia de seu aniversário em 1913, com Alberto Moutinho. Concluiu um curso de Letras em 1917, inscrevendo-se a seguir no curso de Direito, sendo a primeira mulher a frequentar este curso na Universidade de Lisboa.
Sofreu um aborto involuntário em 1919, ano em que publicaria o Livro de Mágoas. É nessa época que Florbela começa a apresentar sintomas mais sérios de desequilíbrio mental. Em 1921 separou-se de Alberto Moutinho, passando a encarar o preconceito social decorrente disso. No ano seguinte casou-se pela segunda vez, com António Guimarães.
O Livro de Soror Saudade é publicado em 1923. Florbela sofreu novo aborto, e seu marido pediu o divórcio. Em 1925 casou-se pela terceira vez, com Mário Laje. A morte do irmão, Apeles (num acidente de avião), abala-a gravemente e inspira-a para a escrita de As Máscaras do Destino.
Tentou o suicídio por duas vezes em outubro e novembro de 1930, às vésperas da publicação de sua obra-prima, Charneca em Flor. Após o diagnóstico de um edema pulmonar, suicida-se no dia do seu aniversário, 8 de Dezembro de 1930, utilizando uma dose elevada de veronal. Charneca em Flor viria a ser publicado em Janeiro de 1931.
Precursora do movimento feminista em Portugal, teve uma vida tumultuada, inquieta, transformando seus sofrimentos íntimos em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotização e feminilidade.

Florbela Espanca por outros poetas
Florbela Espanca causou grande impressão entre seus pares e entre literatos e público de seu tempo e de tempos posteriores. Além da influência que seus versos tiveram nos versos de tantos outros poetas, são aferidas também algumas homenagens prestadas por outros eminentes poetas à pessoa humana e lírica da poetisa. Manuel da Fonseca, em seu "Para um poema a Florbela" de 1941, cantava "(...)E Florbela, de negro,/ esguia como quem era,/ seus longos braços abria/ esbanjando braçados cheios/ da grande vida que tinha!". Também Fernando Pessoa, em um poema datilografado e não datado de nome "À memória de Florbela Espanca", descreve-a como "alma sonhadora/ Irmã gêmea da minha!".

Obras
Livro de Mágoas, Lisboa, Tipografia Maurício, 1919.
Livro de Mágoas Sóror Saudade, Lisboa, Tipografia A Americana, 1923.
Charneca em Flor, Coimbra, Livraria Gonçalves, 1931.
Charneca em Flor (com 28 sonetos inéditos), Coimbra, Livraria Gonçalves, 1931.
Cartas de Florbela Espanca, (a Dona Júlia Alves e a Guido Battelli), Coimbra, Livraria Gonçalves, 1931.
As Máscaras do Destino, Porto, Editora Maranus, 1931.
Sonetos Completos, (Livro de Mágoas, Livro de Sóror Saudade, Charneca em Flor, Reliquiae), Coimbra, Livraria Gonçalves, 1934.
Cartas de Florbela Espanca, Lisboa, Edição dos Autores, s/d, prefácio de Azinhal Abelho e José Emídio Amaro(1949).
Diário do último ano, Lisboa, Bertrand, 1981, prefácio de Natália Correia.
O Dominó Preto, Lisboa, Bertrand, 1982, prefácio de Y. K. Centeno.
Obras Completas de Florbela Espanca, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1985-1986, 08 vols., edição de Rui Guedes.
Trocando Olhares, Lisboa, Imprensa Nacional/ Casa da Moeda, 1994; estudo introdutório, estabelecimento de textos e notas de Maria Lúcia Dal Farra

Referências
Espanca, Florbela, 1894-1930. Poemas de Florbela Espanca / Estudo introdutório, organização e notas de Maria Lúcia Dal Farra - São Paulo : Martins Fontes, 1996. páginas XXV e XXVI. ISBN 85-336-0566-8


Os versos que te fiz

Deixa dizer-te os lindos versos raros

Que a minha boca tem pra te dizer !

São talhados em mármore de ParosCinzelados por mim pra te oferecer.

Têm dolência de veludos caros,

São como sedas pálidas a arder

...Deixa dizer-te os lindos versos raros

Que foram feitos pra te endoidecer !

Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda ...

Que a boca da mulher é sempre linda

Se dentro guarda um verso que não diz !

Amo-te tanto ! E nunca te beijei ...

E nesse beijo, Amor, que eu te não dei

Guardo os versos mais lindos que te fiz!

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