domingo, 2 de novembro de 2008

filosofia.....FILHO DO DONO..Flavio José

NÃO SOU PROFETA
NEM TÃO POUCO VISIONÁRIO
MAS O DIÁRIO
DESSE MUNDO TÁ NA CARA
UM VIAJANTE
NA BOLÉIA DO DESTINO
SOU MAIS UM FIO
DA TESOURA E DA NAVALHA
LEVANDO A VIDA
TIRO VERSO DA CARTOLA
CHORA VIOLA
NESSE MUNDO SEM AMOR
DESIGUALDADE
RIMA COM HIPOCRISIA
NÃO TEM VERSO NEM POESIA
QUE CONSOLE UM CANTADOR
A NATUREZA NA FUMAÇA SE MISTURA
MORRE A CRIATURA
E O PLANETA SENTE A DOR
O DESESPERO
NO OLHAR DE UMA CRIANÇA
A HUMANIDADE
FECHA OS OLHOS PRA NÃO VER
TELEVISÃO DE FANTASIA
E VIOLÊNCIA, AUMENTA O CRIME
CRESCE A FOME DO PODER
BOI COM SEDE BEBE LAMA
BARRIGA SECA NÃO DÁ SONO
EU NÃO SOU DONO DO MUNDO
MAS TENHO CULPA, PORQUE SOU
FILHO DO DONO. (BIS)

essa é demais......

FOI NUMA PÉTALA
ARRANCADA DE UMA FLOR
QUE ESCREVI
OS VERSOS DO MEU CORAÇÃO
OLHANDO PRA CALIGRAFIA QUE FICOU
LEMBREI DO TEMPO
QUE PASSEI NO MEU SERTÃO
E NA LEMBRANÇA
DOS CAMINHOS QUE VIVI
PASSEI BATIDO
NAUFRAGUEI NA ILUSÃO
FOI RELEMBRANDO
O MEU PASSADO QUE EU SENTI
O TEMPO TODO
QUE EU NÃO VIA UMA RAZÃO
TODA A MINHA VIDA
TODOS SÓ CAMINHOS
NÃO QUERIAM DAR EM NADA
E HOJE TRAGO DENTRO DO MEU PEITO
TODA ESSA VONTADE DE CANTAR
EU NÃO SEI PORQUE
NEM PORQUE SERÁ
DESDE O TEMPO DE MENINO
LUTO PRA VIVER
VIVO PRA LUTAR
VOU SEGUINDO O MEU DESTINO
E COMECEI A CANTAR XOTE
E A RODAR PELO PAÍS
ACOMPANHADO DO MEU FOLE
FOI TUDO O QUE EU SEMPRE QUIS
E HOJE CANTO O MEU NORDESTE
E VIVO LEVANTANDO PÓ
FALE QUEM QUISER
EU NÃO FICO SÓ
TÔ COM MEU FORRÓ


Flavio José

a verdade de Flavio josé

Se avexe não...Amanhã pode acontecer tudoInclusive nada.Se avexe não...A lagarta rastejaAté o dia em que cria asas.Se avexe não...Que a burrinha da felicidadeNunca se atrasa.Se avexe não...Amanhã ela páraNa porta da tua casaSe avexe não...Toda caminhada começaNo primeiro passoA natureza não tem pressaSegue seu compassoInexoravelmente chega lá...Se avexe não...Observe quem vaiSubindo a ladeiraSeja princesa, seja lavadeira...Pra ir mais altoVai ter que suar.

o canto nobre de Patativa do Assaré







Patativa do Assaré e seus 90 verões de gorjeio poético
As penas plúmbeas, as asas e cauda pretas da patativa, pássaro de canto enternecedor que habita as caatingas e matas do Nordeste brasileiro, batizaram poeta Antônio Gonçalves da Silva, conhecido em todo o Brasil como Patativa do Assaré, referência ao município que nasceu. Analfabeto "sem saber as letra onde mora ", como diz num de seus poemas, sua projeção em todo o Brasil se iniciou na década de 50, a partir da regravação de "Triste Partida", toada de retirante gravada por Luiz Gonzaga.
Filho do agricultor Pedro Gonçalves da Silva e de Maria Pereira da Silva, Patativa do Assaré veio ao mundo no dia 9 de março de 1909. Criado num ambiente de roça, na Serra de Santana, próximo a Assaré , seu pai morrera quando tinha apenas oito anos legando aos seus filhos Antônio, José, Pedro, Joaquim, e Maria o ofício da enxada, "arrastar cobra pros pés" , como se diz no sertão.
A sua vocação de poeta, cantador da existência e cronista das mazelas do mundo despertou cedo, aos cinco anos já exercitava seu versejar. A mesma infância que lhe testemunhou os primeiros versos presenciaria a perda da visão direita, em decorrência de uma doença, segundo ele, chamada "mal d'olhos".
Sua verve poética serviu vassala a denunciar injustiças sociais, propagando sempre a consciência e a perseverança do povo nordestino que sobrevive e dá sinais de bravura ao resistir ao condições climáticas e políticas desfavoráveis. A esse fato se refere a estrofe da música Cabra da Peste:
"Eu sou de uma terra que o povo padeceMas não esmorece e procura vencer.Da terra querida, que a linda caboclaDe riso na boca zomba no sofrêNão nego meu sangue, não nego meu nome.Olho para a fome , pergunto: que há ?Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,Sou cabra da Peste, sou do Ceará."
Embora tivesse facilidade para fazer versos desde menino, a Patativa do município de Assaré, no Vale do Cariri, nunca quis ganhar a vida em cima do seu dom de poeta. Mesmo tendo feito shows pelo Sul do país, quando foi mostrado ao grande público por Fagner em finais da década de 70, até hoje se considera o mesmo camponês humilde e mora no mesmo torrão natal onde nasceu, no seu pedaço de terra na Serra de Santana.
Do Vale do Cariri, que com-preende o Sul do Ceará e parte Oeste da Paraíba, muitas famílias migraram para outras regiões do Brasil. A própria família Gonçalves , da qual faz parte o poeta, se largou do Crato , de Assaré e circunvizinhan-ças para o Sul da Bahia, em busca do dinheiro fácil do cacau, nas décadas de 20 e 30.Seus livros foram publicados ocasionalmente por pesquisadores e músicos amigos e, parceria com pequenos selos tipográficos e hoje são relíquias para os colecionadores da literatura nordestina.






Vida e obras




Dedicou sua vida a produção de cultura popular (voltada para o povo marginalizado e oprimido do sertão nordestino). Com uma linguagem simples, porém poética, destacou-se como compositor, improvisador e poeta. Produziu também literatura de cordel, porém nunca se considerou um cordelista.Sua vida na infância foi marcada por momentos difíceis. Nasceu numa família de agricultores pobres e perdeu a visão de um olho. O pai morreu quando tinha oito anos de idade. A partir deste momento começou a trabalhar na roça para ajudar no sustento da família.Foi estudar numa escola local com doze anos de idade, porém ficou poucos meses nos bancos escolares. Nesta época, começou a escrever seus próprios versos e pequenos textos. Ganhou da mãe uma pequena viola aos dezesseis anos de idade. Muito feliz, passou a escrever e cantar repentes e se apresentar em pequenas festas da cidade.Ganhou o apelido de Patativa, uma alusão ao pássaro de lindo canto, quando tinha vinte anos de idade. Nesta época, começou a viajar por algumas cidades nordestinas para se apresentou como violeiro. Cantou também diversas vezes na rádio Araripe. No ano de 1956, escreveu seu primeiro livro de poesias “Inspiração Nordestina”. Com muita criatividade, retratou aspectos culturais importantes do homem simples do Nordeste. Após este livro, escreveu outros que também fizeram muito sucesso. Ganhou vários prêmios e títulos por suas obras.Patativa do Assaré faleceu no dia 8 de julho de 2002 em sua cidade natal.Livros· Inspiração Nordestina - 1956· Inspiração Nordestina: Cantos do Patativa -1967· Cante Lá que Eu Canto Cá - 1978· Ispinho e Fulô - 1988· Balceiro. Patativa e Outros Poetas de Assaré - 1991· Cordéis - 1993· Aqui Tem Coisa - 1994· Biblioteca de Cordel: Patativa do Assaré - 2000· Balceiro 2. Patativa e Outros Poetas de Assaré - 2001· Ao pé da mesa – 2001Poemas mais conhecidos· A Triste Partida · Cante Lá que eu Canto Cá · Coisas do Rio de Janeiro · Meu Protesto · Mote/Glosas · Peixe · O Poeta da Roça · Apelo dum Agricultor · Se Existe Inferno · Vaca estrela e Boi Fubá · Você e Lembra? · Vou Vorá






Eu sou de uma terra que o povo padece Mas não esmorece e procura vencer. Da terra querida, que a linda cabocla De riso na boca zomba no sofrer Não nego meu sangue, não nego meu nome Olho para a fome, pergunto o que há? Eu sou brasileiro, filho do Nordeste, Sou cabra da Peste, sou do Ceará.Patativa do Assaré