segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Jessier querino...eita cabra sabido



Arquiteto por profissão, poeta por vocação, matuto por convicção. Apareceu na folhinha no ano de 1954 na cidade de Campina Grande, Paraíba e é filho adotivo de Itabaiana também na Paraíba, onde reside desde 1983.Filho de Antonio Quirino de Melo e Maria Pompéia de Araújo Melo e irmão mais novo de Lamarck Quirino, Leonam Quirino, Quirinus Quirino e irmão mais velho Vitória Regina Quirino.Estudou em Campina Grande até o ginásio no Instituto Domingos Sávio e Colégio Pio XI. Fez o curso científico em Recife no Esuda e fez faculdade de Arquitetura na UFPB – João Pessoa, concluindo curso em 1982. Apesar da agenda artística literária sempre requisitada, ainda atua na arquitetura, tendo obras espalhadas por todo o Nordeste, principalmente na área de concessionárias de automóveis. Na área artística, é autodidata como instrumentista (violão) e fez cursos de desenho artístico e desenho arquitetônico. Na área de literatura, não fez nenhum curso e trabalha a prosa, a métrica e a rima como um mero domador de palavras. Interessado na causa poética nordestina persegue fatos e histórias sertanejas com olhos e faro de rastejador. Autor dos livros: “Paisagem de Interior” (poesia), “Agruras da Lata D`água” (poesia), “O Chapéu Mau e o Lobinho Vermelho” (infantil), “Prosa Morena” ( poesia e acompanha um pires de CD ), “Política de Pé de Muro - O Comitê do Povão” ( legendas e imagens gargalhativas sobre folclore político popular ), CDs: “Paisagem de Interior 1 e Paisagem de Interior 2”, o livro: “Bandeira Nordestina” (poesia e acompanha um pires de CD), A Folha de Boldo Notícias de Cachaceiros - em parceria com Joselito Nunes – todos editados pelas Edições Bagaço do Recife - além de causos, músicas, cordéis e outros escritos.
Preenchendo uma lacuna deixada pelos grandes menestréis do pensamento popular nordestino, o poeta Jessier Quirino tem chamado a atenção do público e da crítica, principalmente pela presença de palco, por uma memória extraordinária e pelo varejo das histórias, que vão desde a poesia matuta, impregnada de humor, neologismos, sarcasmo, amor e ódio, até causos, côcos, cantorias músicas, piadas e textos de nordestinidade apurada.
Dono de um estilo próprio "domador de palavras" - até discutido em sala de aula - de uma verve apurada e de um extremo preciosismo no manejo da métrica e da rima, o poeta, ao contrário dos repentistas que se apresentam em duplas, mostra-se sozinho feito boi de arado e sabe como prender a atenção do distinto público.
Nos espetáculos com fundo musical, apresenta-se acompanhado de músicos de primeira grandeza, entre os quais, dois filhos, que dão um tom majestoso e solene ao recital. São eles: Vitor Quirino (violão clássico), André Correia (violino) e Matheus Quirino (percussão). Os músicos Letinho (violão) e China (percussão) atuam nos espetáculos mais elaborados.Apesar de muitos considerá-lo um humorista, opta pela denominação de poeta, onde procura mostrar o bom humor e a esperteza do matuto sertanejo, sem, no entanto fugir ao lirismo poético e literário. Sobre Jessier, disse o poeta e ensaísta Alberto da Cunha Melo: "...talvez prevendo uma profunda transformação no mundo rural, em virtude da força homogeneizadora dos meios de comunicação e das novas tecnologias, Jessier Quirino, desde seu primeiro livro, vem fazendo uma espécie de etnografia poética dos valores, hábitos, utensílios e linguagem do agreste e do sertão nordestinos. ... Sua obra, não tenho dúvidas, além do valor estético cada dia mais comprovado, vai futuramente servir como documento e testemunho de um mundo já então engolido pela voragem tecnológica."


Depois da publicação do primeiro livro em 1996, pelas Edições Bagaço do Recife, o poeta vem defendendo sua poesia a golpes de declamações em tons solenes e brincativos, fato que já lhe rendeu fama e respeitabilidade no meio artístico e literário. Atualmente concilia sua condição de arquiteto autônomo, com uma agenda artística de vôos cada vez maiores, espalhando nordestinidade Brasil a fora.Espetáculos em convenções. Principais empresas:ChesfFiat do BrasilVolkswagen do BrasilBanco do BrasilBanco do NordesteSenaiSesc - SenacFederação das Industrias – PB, PE.Coca-Cola - BrasíliaSebrae – BrasíliaMinistério Público - PE.AMATRA - PEAMEP - PEHospital Esperança - RecifeCachaça Carvalheira - RecifePitúIquiniCopergásConf. Nac. dos Transportes de CargaEmbasa – BA.Detran – PEEmaterEmbrapaColégio Motiva – PBCentro de Ensino Integrado – NatalTribunal de Contas da União - PBTribunal de Justiça - PBColégio EquipeFOOCA- OlindaUFPBUFPEUFRPE
Entre lançamentos de livros, espetáculos e recitais para convenções de empresas e ou encontros de repentistas e atividades culturais, podemos destacar algumas, quais sejam:Teatro Guararapes - Recife nos dos 77 anos do Jornal do Comércio.Teatro Guararapes – Recife Congresso para Senai – Olimpíada do Conhecimneto. I Feira Internacional do Livro - Centro de convenções Recife.II Feira Internacional do livro - centro de convençõesXIII Congresso Brasileiro de Teoria e Crítica Literária. - Campina GrandeRecital no teatro do transatlântico Mrs.Leeward em cruzeiro marítimo, para a convenção da ABRACAF ( Assoc. bras. de conc. Fiat )Recital no Espaço Brasil - hall da embaixada brasileira em Barcelona na Espanha.Teatro Guararapes - convenção do Bureau Jurídico de Pernambuco.Encontro da Justiça do Trabalho de Pernambuco AMATRA - Hotel Blue Tree Park Pe. Além de outros shows para a justiça do trabalho.Congresso - Brasil de Campeões - Banco do Brasil - Costa de Sauípe Ba.Congresso da AMEPRecital para amigos do Hospital do Coração em São Paulo. Salão de eventos da Churrascaria Rubayat Alameda Santos SP.Recital para Confraria Maurício de Nassau SP.Recital para o Clube de Campo de São Paulo - Interlagos SP.Recital de confraternização da CocaCola do Brasil - Casa da CocaCola lago sul BrasíliaRecital de confraternização SEBRAE - Espaço Flamboyan Brasília.Recitais em congressos de repentistas, aulas espetáculos em colégios e universidades, programas de rádio e TV.Espetáculos: Teatro Santa Rosa – João PessoaTeatro Paulo Pontes – João PessoaTeatro Santa Isabel – RecifeTeatro do Parque – RecifeTeatro Alberto Maranhão – NatalTeatro Valdemar de Oliveira - RecifeTeatro Deodoro – MaceióTerras de Santa Fé – GravatáMemorial Pe. Cícero – JuazeiroFestival de Artes de Areia - PB
Sem falar nos shows que faz na Ladeira da Encrenca para: Aderaldo Pé de Rodo, Naninha Gorda, Nenem de Fandinga, Mané Gago, Chico Onça, Cega Damiana, Pêdo Balaeiro, Branca Pereira, Pedro Coisa, Zé Bonzinho, Mané Gaiato, Preto de Paulista Pinto, Severinim Pomba Triste, Buizinha do Oião, Biu Rosemblit, Luiz Perdoe, Nambú de Zoroasto, Tõe Farinheiro e Urêa de Radar;

Vou-me embora pro passado
Jessier Quirino"No rastro da Bandeira de Manuel"

Vou-me embora pro passadoLá sou amigo do reiLá tem coisas "daqui, ó!"Roy Rogers, Buc JonesRock Lane, Dóris DayVou-me embora pro passado.Vou-me embora pro passadoPorque lá, é outro astralLá tem carros VemaguetJeep Willes, MaverickTem Gordine, tem BuickTem Candango e tem Rural.Lá dançarei TwistHully-Gully, Iê-iê-iêLá é uma brasa mora!Só você vendo pra crêAssistirei Rim Tim TimOu mesmo Jinne é um GênioVestirei calças de NycronFaroeste ou DurabemTecidos sanforizadosTergal, Percal e BanlonVerei lances de anáguaCombinação, califonEscutarei Al Di LáDominiqui Niqui NiquiMe fartarei de GrapetteNa farra dos piqueniquesVou-me embora pro passado.No passado tem Jerônimo Aquele Herói do SertãoTem Coronel LudugeroCom Otrope em discussãoTem passeio de LambretaDe Vespa, de BerlinetaMarinete e Lotação.Quando toca Pata PataCantam a versão musical"Tá Com a Pulga na Cueca"E dançam a música sapecaÔ Papa Hum Mau MauTem a turma prafrentexCantando Banho de LuaTem bundeira e piniqueira Dando sopa pela ruaVou-me embora pro passado.Vou-me embora pro passadoQue o passado é bom demais!Lá tem meninas "quebrando"Ao cruzar com um rapazElas cheiram a Pó de ArrozDa Cachemere BouquetCoty ou Royal BriarColocam Rouge e LaquêEnglish Lavanda AtkinsonsOu Helena RubinsteinSaem de saia plissadaOu de vestido TubinhoCom jeitinho encabuladoFlertando bem de fininho.E lá no cinema RexSe vê broto a namorarDe mão dada com o guriCom vestido de organdiCom gola de tafetá.Os homens lá do passadoSó andam tudo tinindoDe linho DiagonalCamisas Lunfor, a talSapato Clark de cromoOu Passo-Doble esportivoOu Fox do bico finoDe camisas Volta ao MundoCaneta Shafers no bolsoOu Parker 51Só cheirando a Áqua VelvaA sabonete GessyOu Lifebouy, EucalolE junto com o espelhinhoPente Pantera ou FlamengoE uma trunfinha no quengoCintilante como o sol.Vou-me embora pro passado Lá tem tudo que há de bom!Os mais velhos inda usam Sapatos branco e marrom E chapéu de aba largaRamenzone ou Cury LuxoOuvindo Besame MuchoSolfejando a meio tom.No passado é outra história!Outra civilização...Tem Alvarenga e Ranchinho Tem Jararaca e RatinhoAprontando a gozaçãoTem assustado à VermuthAo som de Valdir CalmonTem Long-Play da MocamboMas Rosenblit é o bomTem Albertinho LimontaTem também Mamãe DoloresMarcelino Pão e VinhoTem Bat Masterson, tem LesseTúnel do Tempo, tem ZorroNão se vê tantos horrores.Lá no passado tem corso Lança perfume RodouroGeladeira KelvinatorTem rádio com olho mágicoABC a voz de ouroSe ouve Carlos GalhardoEm Audições MusicaisPiano ao cair da tardeCancioneiro de SucessoTem também Repórter EssoCom notícias atuais.Tem petisqueiro e bufê Junto à mesa de jantarTem bisqüit e bibelôTem louça de toda corBule de ágata, alguidarSe brinca de cabra cegaDe drama, de garrafãoCamoniboi, balinheiraDe rolimã na ladeiraDe rasteira e de pinhão.Lá, também tem radiola De madeira e baquelita Lá se faz caligrafiaPra modelar a escritaSe estuda a tabuadaDe Teobaldo MirandaOu na Cartilha do PovoLendo Vovô Viu o Ovo E a palmatória é quem manda.Tem na revista O Cruzeiro A beleza femininaTem misse botando bancaCom seu maiô de elancaO famoso CatalinaTem cigarros YolandaContinental e AstóriaTem o Conga Sete VidasTem brilhantina GlostoraEscovas Tek, FrisanteRelógio Eterna MaticCom 24 rubisPontual a toda hora.Se ouve página sonora Na voz de Ângela Maria"— Será que sou feia?— Não é não senhor!— Então eu sou linda?— Você é um amor!..."Quando não querem a paqueraMulheres falam: "Passando,Que é pra não enganchar!""Achou ruim dê um jeitim!""Pise na flor e amasse!"E AI e POFE! e quizilaMas o homem não cochilaPassa o pano com o olharSe ela toma PostafenQue é pra bunda aumentarEle empina o polegarFaz sinal de "tudo X"E sai dizendo "Ô Maré!Todo boy, mancando o péInsistindo em conquistar.No passado tem remédioPra quando se precisarLá tem Doutor de famíliaQue tem prazer de curarLá tem Água RubinatMel Poejo e AsmapanBromil e CapivarolArnica, PhimatosanRegulador XavierTem Saúde da MulherTem Aguardente AlemãTem também CapilotonPentid e TerebentinaXarope de Limão BraboPílulas de Vida do Dr. RossTem também aqui pra nósUma tal Robusterina A saúde feminina.Vou-me embora pro passadoPra não viver sufocadoPra não morrer poluídoPra não morar enjauladoLá não se vê violênciaNem droga nem tanto mauNão se vê tanto barulhoNem asfalto nem entulhoNo passado é outro astralSe eu tiver qualquer saudadeEscreverei pro presenteE quando eu estiver cansadoDa jornada, do batenteTerei uma cama PatenteDaquelas do selo azulNum quarto calmo e seguroOnde ali descansareiLá sou amigo do reiLá, tem muito mais futuroVou-me embora pro passado

(N.A. Poema inspirado na leitura do livro Memorial de Marco Polo Guimarães, Edições Bagaço; em conversa antiga; e em outros poemas meus.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário