sábado, 3 de janeiro de 2009

minha escola de coração



G.R.E.S. UNIDOS DO VIRADOURO
CARNAVAL 2009

“Até que os leões tenham suas histórias,Os contos de caça glorificarão sempre o caçador”Provérbio Africano


A sabedoria ancestral da África, mãe-pátria-terra-da-vida, hoje mora na Bahia. Ela evoca situações de sobrevivência na natureza, e mais do que nunca, é adequada ao nosso convívio social. Ela pode salvar nossos relacionamentos.
O Brasil (17ª colocação no ranking dos poluidores),em processo de desenvolvimento, e com boas possibilidadesde pautar etapas de seu crescimento industrial em tecnologias limpas, tem potencial para se destacar no mercado de crédito de carbono.Dentro deste panorama, a Bahia ocupa um lugar de destaque,tendo a primeira metodologia brasileira aprovada peloConselho Executivo de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, em Genebra.

“Vira-Bahia, pura energia!”Carnaval 2009

1- “Diga aí, Viradouro, meu dengo!”


Digo sim: é sobre a encantada Bahia, umbigo do Brasil, encontro do Orum/Ayê. E como a cultura é o chão do nosso Brasil, que é criado e recriado constantemente, vai aqui nosso canto de fé nas energias renováveis. - O fóssil é passado, “véi”; se liga no combustível do futuro...Do infinito, nesta corrida contra o tempo, quase eterna busca, surgem o biocombustível nos braços abertos do Bonfim, senhor da doçura. É festa nas terras celebrantes do sem-fim, pois não importa quão longa é a noite, o dia virá certamente... - Vissi, pobre mortal, se avexe: a onda massa, é a bio-massa!


2- Verde combustível, porreta matriz energética.
Deus fez uma linda cidade, dando-lhe o nome do próprio filho. Os tambores ecoam seus sons pelas ruas do Pelourinho multicor, em casario de ver-a-vida. Sobe e desce de ancas amadianas e vadios vadinhos. Escambo de sapiência popular. O Orum sempre disse que o conhecimento é como um jardim, se não for cultivado, nada pode ser colhido; e que conhecer não é a coisa principal, mas sim as ações! São deuses que bradam espadas, chamam o vento e dobram rugas do tempo, vaticinando: há energia verde limpa que vem das entranhas de Ayê (terra).O novo canto de Ossanha das matas, deus da ecologia e padroeiro dos naturalistas, celebra as sementes perfeitas cultivadas em solo baiano, é a agricultura que faz sumir carbono, mecânica do sustento renovável.


3- “No tabuleiro da baiana tem.... Ricinus communis, a mamona metida a besta!”
Pisar a terra dura do semi-árido, que como a planta é selvagem, tóxico e resistente. O caroço verde e espinhento da mamona, grãos oleaginosos e velho conhecido dos meninos do interior do Brasil como munição ideal para estilingues, passou a ter uma vocação insuspeitada como fonte de energia social. E o sertão da Bahia entrou no mapa-múndi das forças alternativas. Encostar em esquinas-tabuleiros transbordantes da verdinha, porque aqui tudo é perto, toda hora tá cedo, e planta mamona que resolve, esse óleo é limpeza.
4- Oxente, Mainha, vixi que tem dendê na panela e no motor!
Sabor de dengo. Costa do dendê.Preta panela de moqueca coral, banho de óleo de palma cheiroso, pele morena à cravo e canela. Tira um pouco do tempero e enche o tanque de dendê! - Quer andar de carro velho, amor? Então venha: completa e envenena com a quentura da fervura baiana.
5- Axé, o protócolo de Kioto é meu rei!
-Que consumição: o carbono tá a peso de ouro, será que o mundo vai bater a caçuleta? Abençoado porto seguro a jorrar metano tirado do lixo, protegendo as águas, mar da vida. Ponte-cordão umbilical que flutua sobre o aminiótico Atlântico; pau-brasil possuindo Europa, África, o mundo. Os países ricos precisam cumprir o Protocólo do Bem e diminuir a emissão de gases poluentes, e nós, no Brasil, é que temos a solução. É na Bahia onde temos terra, sol, água e gente boa para trabalhar; Bahia parideira formosa de filhos que mais que nascer, estréiam.- Reduzam os gazes, olha o buraco! O oceano está subindo, senão o sertão vai virar mar!


6- Êta povo arretado, recicla Bahia.... Me amarro num bagaço! ... E pra completar o clima, Maculelê do Etanol, rei da valentia. - Eu sou um menino, minha mãe soube me educar, quem anda em terras alheias,pisa no chão devagar...Dançar a dança que os escravos praticavam no meio dos canaviais, com cepos de cana nas mãos, substituindo armas de verdade. Porque daí vem o bagaço, que é arma contra o desperdício e o esgotamento.O sol está ficando forte nas divinas plantações recheadas de talos; as cores já estão mais vivas sobre a luta; as roupas cada vez menores na terra da mestiçagem.- Você já foi a Bahia, nega? Pois vá: O vento não quebra um bambu que a ele se dobra.


7- Ópaíó: O trovão das Usinas da Alegria na Chapada Diamantina!Lavoura de sonho. A roda da fortuna começou a girar no sertão: as usinas estão a todo vapor. São relâmpagos do progresso!-Agora, é só chover... Tempestade e justiça....E como chuva é trovão, terminamos esta prece pelo biocombustível-Brasil no raio de luz do encontro, no infinito, dos deuses vermelho-e-branco apaixonados. Porque na floresta, enquanto as ramas discutem, as raízes beijam-se. E o beijo de Yansã em Xangô sela o carnaval da zuada, a folia de amores proibidos, amores no infinito...Amantes enlaçados pela luz que racha o paraíso, reflexo de heranças. Trovão da sedução: a lâmina da espada de fogo da deusa das tempestades, que contribui para a fertilidade do solo, encontra o punho do destemido. - Se você soubesse o valor que o preto tem, tu tomava um banho de piche....


Milton Cunha Carnavalesco
Marcos Lira Presidente do Gres Unidos do Viradouro
Glossário do Baianês que embala o Enredo:
Meu dengo- saudação carinhosa; Orum- Lugar no Infinito onde os Deuses habitam; Ayê- A terra habitada pelos homens; “Véi”- Corruptela para “velho”, camarada, amigo; Vixe- exclamação para qualquer coisa; Se aveche- se apresse; É massa!- é legal; Porreta- bacana; Amadianas- qualificativo dos que pertencem ao universo de Jorge Amado; Vadinhos- parecidos com o bom-vivant Vadinho, primeiro marido de Dona Flor; Ossanha- Deus da Ecologia; Metida a besta- se achando importante; É limpeza- sem problemas; Consumição- Encheção de saco, agonia; preocupação. Bater a caçuleta- Morrer; Maculelê- dança dos escravos; Da zuada- barulho forte
Fontes consultadas:
Dicionário de Baianês; Site da Petrobrás; Site Recicla Bahia; Site Bio-Diesel Brasil, wikipedia.org.


Vira-Bahia, pura energia (2009)G.R.E.S. Unidos do Viradouro

Quando Orum se encontra com ayê

Oh! Mãe pátria! Salve a sabedoria

Eu quero caminhar com a natureza

Me ensina a desvendar toda essa riqueza

Recebo do seu chão a energiaE bate bem forte o tambor

Nas ruas de São SalvadorConduz os meus passos,

Senhor do BonfimOlorum mandou cuidar do seu jardim

E disse mais vai buscar na mataNo biocombustível a nossa proteção

Filha do sertão no tabuleiroDendê, meu dengo, óleo de cheiro

Um dia oxalá iluminouTocou no coração da nossa gente

O acordo do bem se faz oração

O mar não pode invadir o meu sertão

Sopra um vento dos canaviaisBrota a doce esperança de paz

Na força do trabalho dessa genteDo bagaço nasce um tesouro

O lixo se veste de luxo, reluz em ouroA água deixa o céu e se abraça com o chão

Renova a energia sob as bençãos de um trovãoVermelho e branco que paixão

A Viradouro pede axéCaô, Xangô, Iansã, YalodéVira-Bahia, pura energia

Explode num canto de fé

Nenhum comentário:

Postar um comentário